quinta-feira, 28 de abril de 2011

Batendo o martelo

Suíça sempre foi um país muito distante para mim e que de lá conhecia apenas o  famoso trivial: queijo, chocolate e o segredo bancário. Lugar que jamais imaginei que moraria. Também nunca imaginei que casaria com um suíço, mudaria meu nome e me tornaria Frau Raquel Moser.
Ao relacionar-se com pessoa de outra nacionalidade a possibilidade de mudar de país é  algo  latente e que uma hora ou outra será discutida pelo casal. Por mais que eu e Lukas tentássemos evitar esse diálogo houve um momento em que não pudemos mais fugir, e tinhamos que parar e planejar nosso futuro e escolher qual seria a melhor opção para nós. 
A decisão não foi nada fácil de tomar. Sou funcionária pública e abrir mão de uma estabilidade financeira precisa de muita coragem. Lukas também tem boas chances profissionais aqui no Brasil, sem falar que adaptou-se muito bem a cultura brasileira nesses 3 anos morando aqui. Mas há outros fatores importantes como segurança, organização, oportunidades que proporcionam uma tranquilidade e qualidade de vida excelente e isso tudo a Suíça oferece. Zurique está classificada entre as 5 melhores cidades do mundo para se viver, e isso já é um argumento forte para um casal jovem que tem planos ousados para o futuro. Mas por outro lado, ser uma mulher sul americana negra e imigrante na Suíça não é coisa simples e eu não sabia ao certo se estaria disposta a enfrentar todo esse preconceito, além da distância da família e amigos e a saudade que todo estrangeiro sente.
Foi quase um ano pensando, refletindo, discutindo os pontos e até ajuda de uma psicóloga recorremos para tomar a decisão.
Primeiro passei férias na Suíça, pois precisava sentir a minha impressão de lá e assim teria mais elementos para fazer a escolha certa. 
Achei o país lindo, com ruas e casas perfeitas como uma maquete.A facilidade e praticidade do dia a dia também me encantaram: supermercados sem fila, transporte público eficiente, rápido e super pontual, tudo automatizado e serviços perfeitos. Isso só me fez refletir como perdemos tempo com coisas inúteis no Brasil e que nos estressam e cansam mais que o devido.
Mas também achei os suíços reservados e introspectivos, o que não significava de maneira alguma frieza, apenas um comportamento mais contido que os brasileiros. Os amigos de Lukas foram atenciosos, simpáticos e muitos receptivos. O difícil do relacionamento com os suíços é pular a barreira inicial e conseguir a confiança deles. Quanto a isso tive sorte pois Lukas soube muito bem fazer minha integração com seus amigos e familiares.
Ao voltar de férias comecei um curso de alemão, já que Lukas é da parte alemã da Suíça. Me matriculei no CCBA, que é o curso representante do Instituto Goethe no Brasil, e ao conclui-lo posso receber o certificado Darf, importantissimo para estudar em universidades de língua alemã. 
Conversamos com a família e amigos de Lukas que residem na Suíça para nos informar sobre as possibilidade de emprego e integração na Suíça. Todos foram unânimes em afirmar que teremos ótimas chances na Suíça mas que enfrentaremos dificuldades e preconceitos pois há um movimento forte da política de direita contra os imigrantes no país.
Por útlimo, fomos a uma psicóloga que nos ajudou a pontuar os obstáculos e facilidades que teríamos vivendo em cada país. Foi uma ajuda muito importante porque nos fez ver que já tinhamos tomado a decisão mas não tínhamos a coragem de arriscar.
Então fechei os olhos e pensei sobre mim, meus desejos, sentimentos e fui o mais emocional possível. 
Percebi que tinha muito medo de arriscar uma mudança de vida beirando os 30 anos mas que se não fizesse agora poderia ter perdido a minha última chance de viver a experiência de morar em outro país,  algo que sempre desejei mas que nunca tive coragem para fazer. É óbvio que minha relação estável e de muita confiança com Lukas me dá força para acreditar que apesar das dificuldades, seremos imensamente felizes na Suíça e que caso não nos adaptemos lá poderemos retornar ao Brasil e recomeçar aqui.
Assim com toda a certeza que estamos fazendo a coisa certa e com a alegria e ansiedade que qualquer mudança traz decidimos arrumar as malas e começar um novo caminho, rumo à Confederação Helvética.


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