quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Despedida Ingrata

Faltando apenas duas semanas para viajar, cheguei na parte mais difícil até agora: a despedida.
Comer meus últimos pedaços do bolo de macaxeira da minha mãe, aproveitar os almoços no Janga, conversar com meu pai, brincar com meus sobrinhos e saber que não estarei por perto pra acompanhar eles crescerem me enchem de tristeza. Os encontros com as amigas, as trocas de confidências, as boas risadas, ir a um barzinho pra tomar uma caipirinha e comer carangueijo.
Meu coração se aperta e o medo ganha força: O que eu tô fazendo? Racionalmente sei que não tomei nenhuma decisão precipitada, foi um caminho longo pensando e refletindo até decidir fazer esse recomeço e viver essa experiência. Mas agora a tristeza toma conta de meu coração.
Me despeço de minha vida e tudo que construi em Recife e carrego comigo toneladas de lembranças e amores.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Visto Liberado!!!

Fomos informados pela imigração que meu visto foi aprovado. Enviarei o passaporte pelo Sedex ao consulado no Rio de Janeido e tudo resolvido!!! O processo foi mais fácil e rápido do que imaginava.
A contagem regressiva começou.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Levando Nossos Gatos II

Sushi e Dom Quixote foram aprovadíssimos no exame de sorologia!! Já entramos em contato com o Bundesamt für Veterinärwesen - BVET  e enviamos toda a documentação dos gatinhos por e-mail. Eles aprovaram tudo e enviarão pelo correio a autorização para os gatos entrarem na Suíça.
Em setembro completamos os 90 dias exigidos pelo Ministério da Agricultura e posso viajar com os filhotes.
O caminho foi difícil mas não desistimos. Mudar-se para outro país necessita de muita paciência e persistência, apesar de complicado não é impossível!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Levando nossos gatos I

Até agora o processo para oficialização do casamento civil e o visto para minha permanência está sem problemas e parece que tudo será muito fácil. A dificuldade está em levar nossos trelosos, fofos e irresistiveis gatos, Sushi e Dom Quixote. As exigências para levar animais domésticos são várias, além de burocrática e cara.
Primeiro é preciso que os gatos estejam com todas as vacinas em dia e devidamente chipados. Na Suiça é obrigatório que cachorros e gatos tenham um chip de identificação.
Segundo temos que atestar a imunidade dos gatos contra a Raiva. Nesse quesito é que a complicação começa. A Suiça aceita apenas o exame de sorologia do laboratório Pasteur, em São Paulo, mas nós moramos em Recife. Fomos até o posto de atendimento do Ministério da Agricultura no Aeroporto em Recife e recebemos uma lista de médicos veterinários credenciados para fazer a amostra do soro. Entramos em contato com todos da lista e começamos a perceber que é mais caro levar um gato do que uma pessoa para Europa!  Após uma breve pesquisa entre os veterinários, encontramos  um super atencioso e paciente para explicar todos os passos do processo: precisa retirar a amostra do sangue com pelo menos 1 mês após a vacina da raiva e em seguida ele envia para o laboratorio Pasteur via carga especial pelo Sedex. O resultado sai em 20 dias e temos que esperar 90(NOVENTA) dias após a coleta para viajar com os gatos. Bobeamos muito nisso e deixamos para nos informar sobre os gatos em cima da viagem, então Lukas irá na frente e eu ficarei mais 2 meses para poder levar os gatos. Não é como gostariamos, mas não podemos deixar nossos filhotes de jeito nenhum!!!!


segunda-feira, 9 de maio de 2011

No consulado suíço

O consulado suíço no Rio de Janeiro está  localizado no tradicional bairro carioca da Glória,  Fomos muito bem recebidos pela responsável do processo de vistos para a Suíça. Entregamos todos os documentos solicitados e faltou apenas a nota expeditória do cartório na qual declara que meu estado civil era solteira antes do casamento. O  modelo atual de certidão de casamento não informa o estado civil dos noivos antes do casamento. Nesse caso,  a imigração exige uma nota oficial do cartório que comprova meu estado civil.  Eu não tinha entendido como seria essa nota expeditória e no cartório também não conheciam esse documento, então fiz uma declaração do meu estado civil e reconheci firma da assinatura. A declaração com firma reconhecida não foi aceita no consulado e a responsável disse então para eu enviar por sedex a certidão de casamento de inteiro teor, pois lá há declarado o estado civil dos noivos antes do casamentoo.
O  atendimento no consulado foi ótimo e saímos de lá muito tranquilos e confiantes que dará tudo certo e conseguirei o visto D para a minha permanência na Suiça.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Casamento Civil

A burocracia para o casamento civil aqui no Brasil foi bem menor do que imaginávamos. Todo o processo é feito diretamente no cartório e lá recebemos todas as informações necessárias e documentação exigida:
 para o estrangeiro:
Certidão de Nascimento original com tradução;
Comprovante de Residência;
Declaração de Estado Civil com tradução;
Atestado de antecendentes criminais e nada consta (policia federal e justiça federal) - pode ser obtido pela internet;
Cópia autenticada do Passaporte.

Para mim foi exigida a documentação habitual de casamento civil: certidão de nascimento ; comprovante de residência; cópia e original do CPF e RG.

De acordo com a lei suíça, o casal precisa escolher um sobrenome comum para ser o nome da família. No nosso caso decidimos manter o sobrenome de Lukas pois achamos que me ajudaria na minha integração na Suiça uma vez que Moser é um sobrenome tipicamente suíço, equivalente ao nosso Silva. Dessa forma passo a ser Raquel Moser e os nossos filhos também terão apenas esse sobrenome.

A burocracia veio depois do casamento para comunicar nossa união na Suíça. Entramos no site da  embaixada e consta a lista de documentação exigida para oficialização do casamento:
  • 1 via original recente da Certidão de Casamento com a menção do estado civil dos noivos antes do casamento (com data de emissão máxima de 6 meses); 
  • 1 via original recente da Certidão de Nascimento do(a) cônjuge não suíço/a (com data de emissão máxima de 6 meses);
  • 2 copias autenticadas do passaporte (das páginas com os dados pessoais e foto) ou da carteira de identidade (R. G.) do(a) cônjuge não suíço/a; 
  • Caso o(a) cônjuge suíço(a) não esteja matriculado no Consulado competente, por favor, enviar 2 copias do passaporte suíço (das páginas com os dados pessoais e foto) ou da carteira de identidade suíça, endereço, telefone na Suíça e indicação do lugar de nascimento; 
  • Formulário com informações adicionais para o registro de um casamento devidamente preenchido, datado e assinado por ambos os cônjuges.
Entretanto conseguimos informações mais completas quando telefonamos para o consulado no Rio de Janeiro. Os funcionários foram muito simpáticos e atenciosos e nos informaram que teriamos que apresentar a documentação pessoalmente no consulado, além de não precisarmos fazer a tradução dos documentos em português. O processo para oficialização do casamento na Suíça e a liberação do visto para reagrupamento familiar leva em média 02 meses.











quinta-feira, 28 de abril de 2011

Batendo o martelo

Suíça sempre foi um país muito distante para mim e que de lá conhecia apenas o  famoso trivial: queijo, chocolate e o segredo bancário. Lugar que jamais imaginei que moraria. Também nunca imaginei que casaria com um suíço, mudaria meu nome e me tornaria Frau Raquel Moser.
Ao relacionar-se com pessoa de outra nacionalidade a possibilidade de mudar de país é  algo  latente e que uma hora ou outra será discutida pelo casal. Por mais que eu e Lukas tentássemos evitar esse diálogo houve um momento em que não pudemos mais fugir, e tinhamos que parar e planejar nosso futuro e escolher qual seria a melhor opção para nós. 
A decisão não foi nada fácil de tomar. Sou funcionária pública e abrir mão de uma estabilidade financeira precisa de muita coragem. Lukas também tem boas chances profissionais aqui no Brasil, sem falar que adaptou-se muito bem a cultura brasileira nesses 3 anos morando aqui. Mas há outros fatores importantes como segurança, organização, oportunidades que proporcionam uma tranquilidade e qualidade de vida excelente e isso tudo a Suíça oferece. Zurique está classificada entre as 5 melhores cidades do mundo para se viver, e isso já é um argumento forte para um casal jovem que tem planos ousados para o futuro. Mas por outro lado, ser uma mulher sul americana negra e imigrante na Suíça não é coisa simples e eu não sabia ao certo se estaria disposta a enfrentar todo esse preconceito, além da distância da família e amigos e a saudade que todo estrangeiro sente.
Foi quase um ano pensando, refletindo, discutindo os pontos e até ajuda de uma psicóloga recorremos para tomar a decisão.
Primeiro passei férias na Suíça, pois precisava sentir a minha impressão de lá e assim teria mais elementos para fazer a escolha certa. 
Achei o país lindo, com ruas e casas perfeitas como uma maquete.A facilidade e praticidade do dia a dia também me encantaram: supermercados sem fila, transporte público eficiente, rápido e super pontual, tudo automatizado e serviços perfeitos. Isso só me fez refletir como perdemos tempo com coisas inúteis no Brasil e que nos estressam e cansam mais que o devido.
Mas também achei os suíços reservados e introspectivos, o que não significava de maneira alguma frieza, apenas um comportamento mais contido que os brasileiros. Os amigos de Lukas foram atenciosos, simpáticos e muitos receptivos. O difícil do relacionamento com os suíços é pular a barreira inicial e conseguir a confiança deles. Quanto a isso tive sorte pois Lukas soube muito bem fazer minha integração com seus amigos e familiares.
Ao voltar de férias comecei um curso de alemão, já que Lukas é da parte alemã da Suíça. Me matriculei no CCBA, que é o curso representante do Instituto Goethe no Brasil, e ao conclui-lo posso receber o certificado Darf, importantissimo para estudar em universidades de língua alemã. 
Conversamos com a família e amigos de Lukas que residem na Suíça para nos informar sobre as possibilidade de emprego e integração na Suíça. Todos foram unânimes em afirmar que teremos ótimas chances na Suíça mas que enfrentaremos dificuldades e preconceitos pois há um movimento forte da política de direita contra os imigrantes no país.
Por útlimo, fomos a uma psicóloga que nos ajudou a pontuar os obstáculos e facilidades que teríamos vivendo em cada país. Foi uma ajuda muito importante porque nos fez ver que já tinhamos tomado a decisão mas não tínhamos a coragem de arriscar.
Então fechei os olhos e pensei sobre mim, meus desejos, sentimentos e fui o mais emocional possível. 
Percebi que tinha muito medo de arriscar uma mudança de vida beirando os 30 anos mas que se não fizesse agora poderia ter perdido a minha última chance de viver a experiência de morar em outro país,  algo que sempre desejei mas que nunca tive coragem para fazer. É óbvio que minha relação estável e de muita confiança com Lukas me dá força para acreditar que apesar das dificuldades, seremos imensamente felizes na Suíça e que caso não nos adaptemos lá poderemos retornar ao Brasil e recomeçar aqui.
Assim com toda a certeza que estamos fazendo a coisa certa e com a alegria e ansiedade que qualquer mudança traz decidimos arrumar as malas e começar um novo caminho, rumo à Confederação Helvética.